Em 8 de dezembro de 1967, São Paulo VI dirigiu-se a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o “Dia da Paz” no primeiro dia do ano civil que se seguiria, 1º de janeiro de 1968, repetindo-se esta celebração a cada ano. E desde então assim vem sendo feito.
Neste 21 de dezembro de 2021, o Papa Francisco apresentou sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2022. O texto enfoca, como diz o título, o “Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura”.
Francisco lembra a passagem de Is 52, 7: Que formosos são sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz!, explicando quanto, para os israelitas que tinham sido exilados e expostos aos povos estrangeiros, a chegada do mensageiro de paz significava a esperança de renascimento. Como ainda acontece em nosso tempo, em que “aumenta o ruído ensurdecedor de guerras e conflitos, ao mesmo tempo que ganham espaço doenças de proporções pandêmicas, pioram os efeitos das alterações climáticas e da degradação ambiental, agrava-se o drama da fome e da sede e continua a predominar um modelo econômico mais baseado no individualismo do que na partilha solidária”. A paz é dom do Alto e fruto de empenho humano, e este precisa partir do coração, alcançando as relações em família, na sociedade, no meio ambiente, entre os povos e países.
Francisco propõe três caminhos para a construção de uma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana.
Enfatiza o Papa que dialogar significa ouvir o outro, confrontar posições, pôr-se de acordo e caminhar juntos, afastando a divisão entre as gerações, pois tanto os jovens precisam da experiência existencial dos idosos, como estes precisam do apoio, carinho, criatividade e dinamismo dos jovens. Assim é possível “estar bem enraizados no presente e, daqui, visitar o passado e o futuro: visitar o passado, para aprender da história e curar as feridas que às vezes nos condicionam; visitar o futuro, para alimentar o entusiasmo, fazer germinar os sonhos, suscitar profecias, fazer florescer as esperanças”.
Já a instrução e a educação são motores da paz, pois tornam a pessoa mais livre e responsável, e a sociedade mais coesa, capaz de gerar esperança, riqueza e progresso. Aliás, a busca de um real processo de desarmamento internacional pode trazer grandes benefícios ao desenvolvimento dos povos e nações, liberando recursos para a saúde, a escola, as infraestruturas, etc. Por outro lado, a promoção da cultura do cuidado pode derrubar as barreiras e construir pontes, forjando um novo paradigma cultural, um pacto educativo global que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras, que promova a educação para a ecologia integral, produzindo desenvolvimento e sustentabilidade; enfim, um pacto centrado na fraternidade e na aliança entre os seres humanos e o meio ambiente.
Finalmente, promover e assegurar o trabalho também constrói a paz, pois, se o trabalho é expressão da pessoa e dos seus dons, é também compromisso, esforço e contribuição para um mundo mais habitável e belo. Neste sentido, reflete o Papa, a pandemia da Covid-19 agravou a situação do mundo do trabalho, da economia informal e dos migrantes, os quais vivem em condições muito precárias com suas famílias. O trabalho é uma necessidade, faz parte do sentido da vida nesta terra, é caminho de desenvolvimento humano e realização pessoal. Daí a urgência de criar condições e inventar soluções para que cada ser humano em idade produtiva tenha a possibilidade de contribuir para a vida da família e da sociedade. É preciso garantir e apoiar a liberdade das iniciativas empresariais, ao mesmo tempo fazendo crescer uma renovada responsabilidade social, para que o lucro não seja o único critério-guia. Por sua vez, a política deve promover um justo equilíbrio entre a liberdade econômica e a justiça social, para o que se podem encontrar orientações seguras na doutrina social da Igreja.
Depois de vários agradecimentos, Francisco encerra sua mensagem para o Dia Mundial da Paz instando os governantes e aqueles têm responsabilidades políticas e sociais, os pastores e os animadores das comunidades eclesiais, todos os homens e mulheres de boa vontade, a caminharem juntos, pelas três estradas por ele apontadas, com coragem e criatividade. Tornando-se a cada dia, com humildade e tenacidade, artesãos de paz. E deseja que sempre os preceda e acompanhe a bênção do Deus da paz!
Procuremos meditar nas palavras de nosso Pontífice, descobrindo como podemos nos tornar melhores artífices da paz, no ano de 2022. Que o Senhor ilumine e sustente nossos caminhos!
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