Pe. Ladislau Molnár: 1º pároco da São Martinho
Trajetória:
1931 – Nasce Lászlo Molnár
1957 – Ordenação Sacerdotal
1968 – Paróquia São Martinho
1978 – RCC do Rio Grande do Sul
1990 – Fraternidade Nossa Senhora da Evangelização
1990 – Fundação Fraternidade
1995 – Rádio Fraternidade Taquari
1999 – Rádio Fraternidade Ijuí
2009 – Cidadão Honorário de POA
2017 – Construção do Tabernáculo e Deus
Para se entender a história e identidade da Paróquia São Martinho, é fundamental conhecer a biografia de seu primeiro pároco, Padre Ladislau Molnár, que esteve à sua frente por mais de 50 anos desde sua criação. Se há algumas paredes tortas na Igreja, na casa paroquial e na casa de retiros, é porque foi Pe. Ladislau mesmo quem colocou a mão na massa e as ergueu com o auxílio de outros paroquianos em mutirões, e com profissionais da construção civil. Não é por acaso que o padroeiro da paróquia é um santo húngaro, São Martinho de Tours. Pe. Ladislau que estava por decidir entre São Martinho e Santo Inácio de Loyola, acabou optando por um santo de sua terra natal.
Evangelizar os cinco continentes é sua missão
Pe. Ladislau Molnár, construtor da Paróquia São Martinho
Padre Ladislau Molnár nasceu no dia 03 de julho de 1931, dia de São Tomé, na cidade de Székesfehérvár, região central da Hungria. Seu nome em húngaro é László Molnár. Seus pais não somente cultivaram a terra, mas também plantaram a fé em Deus no coração dos filhos. Sua infância e juventude foram marcadas pela guerra e pela ocupação alemã e russa na Hungria. Em diversas ocasiões, László viu a morte diante dos olhos, mas Deus tinha grandes planos para sua vida. Sinais de Deus foram o acompanhando durante toda a sua história desde a infância, especialmente através de Nossa Senhora. A mãe e a irmã de László faleceram quando ele era ainda uma criança. Seu pai se casou novamente com uma jovem viúva que já tinha um filho mais novo que László e os dois rapazes foram criados como se fossem irmãos.
Aos 17 anos, László conheceu o Primaz da Hungria, cardeal Jozeph Mindszenty. A personalidade e coragem do Cardeal inspiraram o jovem László a deixar seus planos de tornar-se médico, casar e ter 13 filhos, para abraçar a vocação sacerdotal. Embora sua família fosse católica, seu pai não concordou com a sua ideia de ser padre. Por isso, ao completar 18 anos fugiu de casa para ingressar no seminário. Com o passar do tempo, seu pai aceitou sua decisão e sua família esteve presente em sua ordenação sacerdotal e primeira missa em 1957.
Seu período de formação até a ordenação e seus primeiros anos como sacerdote foram tempos difíceis, marcados pela perseguição religiosa, fechamento de seminários, censura, investigação, prisão, até mesmo tortura e assassinato de membros da Igreja. Quando o regime fechou o seminário da Arquidiocese de Székesfehérvár, o ainda seminarista László não sossegou até encontrar um outro seminário para concluir seus estudos e ser ordenado. Assim, encontrou um seminário ainda aberto na cidade de Szeged e foi para lá junto com seus colegas seminaristas. Graças a sua característica persistência e o que alguns chamariam de “santa teimosia”, Pe. Ladislau conseguiu a ordenação de mais de 40 sacerdotes para a Igreja, incluindo a sua própria. Durante seus 88 anos de vida dedicados a evangelização, Pe. Ladislau incentivou e inspirou inúmeros jovens a seguirem a vida sacerdotal e consagrada, também ensinou a comunidade a rezar sempre pelas vocações.
Os primeiros anos de sacerdócio foram sob constante vigilância do regime comunista. Para realizar seu trabalho pastoral e catequético em meio ao regime comunista, Pe. Ladislau criou diversos grupos de 3 pessoas que se reuniam às escondidas para rezar e receber formação cristã. Apesar de sua cautela, o governo comunista começou a investigá-lo, chamou-o para diversos interrogatórios e estavam decididos a prendê-lo. Antes que isso acontecesse, um policial cuja mãe era paroquiana de Pe. Ladislau ajudou-o a fugir do país.
Pe. Ladislau permaneceu em Roma por quase dois anos. Ele tinha desejo de fazer missão no Congo, porém, estavam em meio a uma guerra civil, e seu pedido de entrada no país africano foi negado. Nessas circunstâncias, Pe. Ladislau aceitou o convite para vir para o Brasil, residindo primeiramente em São Paulo com os monges beneditinos húngaros. Depois veio a Porto Alegre visitar um amigo, o monsenhor Luiz Mezgar, e, a convite de Dom Vicente Scherer, decidiu permanecer e assumir uma capela na Zona Sul de Porto Alegre. Essa capela tornou-se a Paróquia São Martinho em 11 de novembro de 1968.
Diversas iniciativas nasceram na Paróquia São Martinho que ultrapassaram os limites paroquiais. No início dos anos 70, através de alguns paroquianos, Pe. Ladislau conheceu e tornou-se membro da Renovação Carismática Católica. Foi ele quem conseguiu a aprovação arquidiocesana do movimento, em agosto de 1978 e foi o seu primeiro coordenador em Porto Alegre. Além disso, foi este sacerdote quem criou a sede estadual da RCC no RS chamada Nova Jerusalém, localizada nas proximidades da paróquia.
Pe. Ladislau não tinha apenas o dom de construir obras materiais, mas também espirituais. Em 1990, ele criou junto com Reinaldo Adams, a Fraternidade Nossa Senhora da Evangelização, uma comunidade com a ousada missão de evangelizar os cinco continentes e cujo carisma é “ser sinal visível e permanente da presença viva, amorosa e misericordiosa de Jesus hoje no mundo”. O tripé espiritual da Fraternidade consiste no amor à Maria Santíssima, ao Santíssimo Sacramento e ao Santíssimus, isto é, ao Papa. A fim de organizar e manter as obras de evangelização da comunidade, em 1992, eles criaram a Fundação Fraternidade. A missão de evangelizar através dos meios de comunicação se concretiza com a Rádio Fraternidade de Taquari, FM 98,9, fundada em 1995. Mais tarde a Rádio Fraternidade ganhou uma filial em Ijuí, FM 97,5, em 1999. Na sede da Rádio Fraternidade em Ijuí há também o Santuário Fonte da Divina Misericórdia que recebe milhares de visitantes o ano todo.
Por toda essa vida dedicada a fazer o bem não somente em Porto Alegre, mas em todo o Rio Grande do Sul, Padre Ladislau recebeu o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre em 2009. Um dos seus últimos projetos é a construção da sede da Fraternidade em Porto Alegre, o Tabernáculo de Deus, cuja primeira parte já foi construída. Atualmente, Pe. Ladislau Molnár mora na casa da Comunidade de Vida da Fraternidade N. Sra. da Evangelização, próxima à paróquia. Ele não está mais presidindo celebrações, mas ainda atende confissões diariamente durante as missas. Pe. Ladislau não está mais a frente da Paróquia e das outras instituições que fundou, porém ele continua sendo a alma da Paróquia São Martinho e da Fraternidade.