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Domingo de Ramos: explicando o significado daqueles eventos.


Estamos para viver um novo Domingo de Ramos. Ouviremos o Evangelho na procissão de entrada, que descreve esse episódio da vida do Senhor. Queremos conhecer um pouco do significado que cada um daqueles fatos tinha para os discípulos e o povo que O acompanhavam, a partir das explicações de Bento XVI, na sua obra “Jesus de Nazaré. Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição”.



Jesus está em peregrinação a Jerusalém, a cidade santa, para celebrar a Páscoa com os discípulos. Desde Jericó, segue-O uma multidão de peregrinos, que têm a oportunidade de vê-lo curar o cego Bartimeu, aquele que gritava: “Filho de Davi, tem compaixão de mim”!



O tema da descendência de Davi e do Messias se apoderou dos peregrinos, que se questionavam se Jesus não seria o novo Davi esperado. Perguntavam-se se seria agora que o reinado de Davi seria restabelecido.



Jesus chega ao Monte das Oliveiras e manda dois discípulos à frente, dizendo-lhes que encontrariam um jumento preso, que ainda ninguém montara. Deveriam soltá-lo e trazê-lo, respondendo a quem lhes pedisse contas que “O Senhor está precisando dele”.

Jesus, portanto, entra na cidade sobre um jumento emprestado.


Para os judeus da época, em cada um desses detalhes está presente o tema da realeza e das promessas de Deus.



A requisição de meios de transporte, por exemplo, na Antiguidade, era um direito real. E mais. Quando Jacó dera a seu filho Judá o cetro, em Gn 49, 10-11, dissera-lhe que esse cetro não lhe seria tirado dos pés até que viesse “aquele a quem pertence por direito, e a quem os povos hão de obedecer”, e” irá amarrar o jumento à videira”.


João 12, 15 e Mateus 21, 5, narrando o Domingo da Entrada em Jerusalém, citam Zacarias 9, 9: “Dizei à filha de Sião: eis que o Teu Rei vem a ti, manso e montado em um jumento”.



Em 1 Rs 1, 33-34, a mesma expressão que Lucas escreve: trazendo o jumento, “Fizeram com que montasse”, fora usada ao narrar a ordem de Davi para entronização de Salomão: “Tomai convosco os servos do vosso rei, fazei montar na minha mula o meu filho Salomão e fazei-o descer até Gion. Lá [...] o ungirão rei de Israel...”.



Também o fato de se estenderem as capas à passagem de Jesus está ligado a uma tradição da realeza de Israel, contada em 2 Rs 9, 13, referindo o rei Jeú: “Levantaram-se então imediatamente e, tomando cada qual o seu manto, estenderam-no aos seus pés, em cima dos degraus, e tocaram a trombeta, gritando: Jeú é rei!



Jesus reivindicava, portanto, um direito régio, querendo que compreendessem o Seu caminho e as suas atitudes com base nas promessas do Antigo Testamento, que nEle se tornam realidade. Por outro lado, essa vinda no jumentinho afasta qualquer interpretação zelota, ligada à violência. Sua realeza não é uma insurreição militar contra Roma.



Então os discípulos e peregrinos, entusiasmados, tomam palmas e proclamam: “Bendito o que vem em nome do Senhor! [...] Hosana no mais alto dos céus!” (Mc 11, 9-10 e Sl 118, 25-26).



Hosana era, inicialmente, uma expressão de súplica, com que os sacerdotes pediam a chuva na Festa das Tendas. Esta festa se transformou em uma festa de alegria e a súplica, numa exclamação de júbilo, a que veio a se somar um significado messiânico.


“Bendito o que vem em nome do Senhor” era uma bênção que os sacerdotes davam aos peregrinos que entravam em Jerusalém, e que também assumira um significado messiânico com o tempo.



Logo após, quando Jesus purifica o Templo, as crianças por ali repetem esse Hosana, e Jesus afirma que “da boca dos pequeninos e das crianças de peito procuraste o louvor”. O louvor das crianças aparece como antecipação do louvor que Lhe darão os Seus “pequeninos”, os crentes, a comunidade dos discípulos.



Para a Igreja nascente, o Domingo de Ramos não era algo do passado. Como o Senhor entrara na Cidade Santa cavalgando o jumentinho, sem cessar a Igreja O vê chegar sob as humildes aparências do pão e do vinho. E saúda o Senhor na Eucaristia como Aquele que vem agora mesmo, para o meio dela, mas também como Aquele que permanece “O que virá”. O Espírito e a Esposa dizem: Vem! (Ap 22, 17). A Igreja suplica por essa vinda e nos encaminha para ela.



Somos peregrinos, caminhamos para Cristo. Ele vem ao nosso encontro, na Santa Missa, como veio na Encarnação, une-nos à sua “subida” para a cruz e a ressurreição, e para a Jerusalém definitiva que, na comunhão com o Seu Corpo, já está crescendo no meio deste mundo.



Com esse espírito, somos convidados a viver o Domingo da Paixão, o Domingo de Ramos.


Deus abençoe você!


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