No Brasil, celebramos a Solenidade de Todos os Santos no domingo após 1º de novembro, data real da Festa.
Os santos não são apenas aqueles que a Igreja canonizou, porém todos aqueles que estão no céu. Todas as almas vitoriosas são lembradas neste dia. Viveram na Terra preparando-se para esse encontro com Deus.
Esta festa é a de todo batizado, porque se torna filho de Deus. Recebe a graça, a vida divina, que conduzem a pessoa à santidade. Todo batizado é chamado a ser santo. São Paulo diz que somos chamados a sermos à imagem do Filho de Deus. Por nossas palavras, atitudes, por nossa vida precisamos ser um reflexo do Filho.
Quanto mais nos aproximamos do agir e do pensar de Jesus, mais próximos estamos da santidade. A santidade é um atributo de Deus e não do homem. Não é um processo de esforço humano. Para chegar nela, é preciso receber a graça que Deus dá e corresponder a ela.
A Solenidade de Todos os Santos nos lembra quem somos e a que somos chamados. Nos acorda para começar a colocar em prática os ensinamentos de Jesus, começar a corresponder ao amor de Deus e a encarnar Sua Palavra em nossa vida, mudando nossa maneira de pensar e agir.
Ser santo não é fazer o que todo mundo faz, viver como a sociedade vive. O critério é o nosso modelo, nosso Salvador. É Ele, é o Seu amor que precisamos encontrar, e a esse amor corresponder, para ser sal da terra e luz do mundo. Para ser, muitas vezes, um sinal de contradição, como Jesus foi. Nadar contra a maré, palmilhando, contudo, o caminho da felicidade. O cristão é chamado a ser um bem-aventurado, aquele que já é feliz aqui na terra, e que caminha para uma felicidade tão bela que ninguém consegue sequer imaginar. Desde já somos filhos de Deus, diz São Paulo, mas nem sequer se manifestou o que seremos. Nossa meta é muito mais elevada do que podemos sonhar.
O amor de Deus em nosso coração faz com que abramos os olhos. São Paulo ficou cego quando foi tocado pela graça. Sua cegueira física simbolizava a cegueira espiritual em que vivia, apesar da sua reta intenção. Quando Deus abre nossos olhos com Sua graça, percebemos quanto estávamos cegos, quanto valorizávamos coisas que passam. Tornamo-nos capazes de ver quais os valores cristãos: pobres em espírito, mansos, misericordiosos, pacíficos, puros de coração, ter fome e sede de justiça, ser perseguidos por causa da justiça. São valores completamente diferentes dos valores do mundo. Podemos assumi-los pela graça de Deus.
Se você não sabia, meu irmão, minha irmã, que lê este texto, hoje estou anunciando. Você é chamado por Deus para ser santo. E o primeiro passo é acolher o amor que Jesus tem por você. Sentindo-se profundamente amado como você é, na miséria ou no pecado em que se encontra. Deus manifesta todo o Seu amor no momento presente e no estado em que cada um está, porque Seu amor é incondicional. Seu amor faz com que saiamos do túmulo para uma nova vida. E então nossas metas começam a ir para o lugar. Descobrimos quem somos, qual o sentido verdadeiro de nossa vida, por que razão estamos aqui.
Você que ainda não se sente tocado por Deus, para quem Deus ainda é uma pessoa distante, a quem você recorre apenas quando está precisando, peça que Ele se manifeste. Seja ousado. Diga que você quer conhecer esse amor. Peça com suas palavras e um coração sincero. Porque é isso que Deus quer.
Ser cristão não é fazer coisas, é muito mais. É uma entrega de amor, que se dá no dia a dia, que passa por todo o nosso ser. Como num casamento, em que o casal se ama muito. Um recebe o outro e se entrega ao outro. E promete ser fiel, amar e respeitar todos os dias da vida. Este é o cerne da santidade de todos: vermos a relação com Deus como uma grande relação de amor. Uma relação na qual somos amados e amamos. Experimentamos a fidelidade de Deus e somos fiéis. Com perdão, misericórdia, compromisso de amor. É a verdadeira felicidade, que não está longe. Porque Deus é Deus conosco. Jesus é o Emanuel.
Abra seu coração. Guarde esta imagem. Ser cristão é como um casamento. Uma relação profunda de amor com a Santíssima Trindade. Entendendo assim, saímos do legalismo, do “pode e não pode”, e vamos muito além. Ficamos livres para ser de Deus. Isto os santos descobriram. Todos os que estão no céu. Vivamos intensamente isto, perseverando na fidelidade a esse amor.
Deus deu e dá aos que perseveram a coroa da vitória. Ele quer uma multidão, como a que João viu no céu e descreveu no Livro do Apocalipse. Quer todos os seus filhos com Ele. Todavia precisamos fazer a nossa parte. Ser santo passa pelas nossas decisões. Somos chamados a uma imensa felicidade. Mas ser feliz é uma decisão nossa.
Meditando em tudo isto, encontramos o verdadeiro sentido desta Solenidade.
Que possamos um dia celebrá-la com todos os nossos irmãos que estão na glória de Deus!
Pe. Miguel L. de A. Martins Costa
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