Nesta nossa série sobre os apóstolos de Jesus, segundo as catequeses de Bento XVI em suas Audiências Gerais, encontramos São Tomé, celebrado no dia 3 de julho.
O nome Tomé deriva da raiz hebraica ta’am, que significa gêmeo, e o Evangelho o chama de Dídimo algumas vezes, um termo grego com o mesmo significado.
João é quem mais nos dá informações sobre Tomé.
A primeira ocorre quando Jesus resolve ir a Betânia para ressuscitar Lázaro e Tomé adverte do perigo de se aproximar tanto de Jerusalém. Tomé exorta os demais: Vamos também nós, para morrermos com Ele. Isso nos revela a disponibilidade de Tomé para aderir a Jesus, a ponto de identificar o próprio destino com o de Jesus e desejar participar com Ele da provação suprema da morte. De fato, também para nós, a coisa mais importante é não nos separarmos de Jesus. Estar com Ele, viver com Ele, estar no coração dEle como Ele está no nosso e até morrer com Ele ou por Ele.
A segunda intervenção de Tomé que João relata ocorre na Última ceia. Jesus prediz sua partida iminente, anuncia que vai preparar um lugar para os Seus discípulos, para que possam estar onde Ele se encontrar. E complementa: para onde vou, conheceis o caminho. Tomé intervém:
Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?
Essas palavras fazem Jesus revelar que Ele é o caminho, a verdade e a vida. Podemos nós nos imaginar ao lado de Tomé, quando ouvimos ou lemos estas palavras e imaginar Jesus dizendo-as também a nós. Além disto, aprendemos que sempre podemos pedir explicações a Jesus. A atitude confiante é a verdadeira forma de rezar.
A terceira intervenção de Tomé relatada nos Evangelhos é a conhecida passagem sobre aquela segunda aparição de Jesus aos apóstolos, após a ressurreição, 8 dias após a Páscoa. Ao contrário da primeira, que ocorreu no próprio Domingo de Páscoa, agora Tomé está presente. Jesus saúda a todos com a paz: A paz esteja convosco. Então se volta para Tomé e responde a objeção que Tomé fizera, quando os apóstolos tinham contado a ele que tinham visto o Mestre. Tomé dissera que, se não visse com seus olhos e se não tocasse com suas mãos o corpo de Jesus, não acreditaria. Jesus vai logo respondendo a ele.
Coloca teu dedo aqui e vê as minhas mãos. Põe tua mão no meu lado e não sejas incrédulo, mas homem de fé.
Jesus mostra a Tomé que Seu corpo ressuscitado é o mesmo que fora crucificado. Nesse momento, Tomé já não duvida, mas confessa a divindade de Jesus:
Meu Senhor e Meu Deus.
Kyrios e Theos, palavras que eram frequentemente usadas para referir-se a Deus no Antigo Testamento. Poderíamos passar a chamar Tomé não mais de incrédulo, mas de “confessor da fé”. O que Ele proclama é a maior confissão da divindade de Jesus no Evangelho de João. Agostinho comenta, a respeito disso:
Tomé “via e tocava o homem, mas confessava a sua fé em Deus”.
Tomé como que traz toda a história narrada pelo evangelista ao seu clímax, tanto que Jesus lhe dirige uma bem-aventurança e a estende a todos os que, sem tê-lo visto ressuscitado, acreditarem. Porque viste, creste. Felizes os que não veem e no entanto creem. A fé, como a define a Carta aos Hebreus, é a certeza das coisas esperadas, a convicção das coisas que não se veem (Hb 11,1).
Todo esse episódio com Tomé importa para nós: porque nos conforta em nossas inseguranças, porque demonstra que a dúvida pode levar a um resultado maior do que qualquer incerteza, e porque as palavras que Jesus proferiu lembram o que é uma fé madura e nos encorajam a perseverar, apesar das dificuldades, em nossa adesão a Cristo. Finalmente, ainda somos declarados bem-aventurados, por crermos em Jesus Cristo sem O estar vendo fisicamente. Cremos porque os apóstolos nos contaram. Exatamente como haviam feito a Tomé. Tinham contado sobre a aparição de Jesus. Hoje, contam-na a nós, através dos Evangelhos.
E para encerrar, João apresenta Tomé como testemunha de Jesus ressuscitado, logo após a pesca milagrosa no Lago de Tiberíades.
Uma antiga tradição, que se deve a Orígenes, afirma que Tomé evangelizou primeiro a Síria e a Pérsia, e, depois, dirigiu-se à Índia Ocidental, chegando até a Índia Meridional.
Esperemos, pois, que o exemplo de São Tomé fortaleça sempre mais a nossa fé em Cristo, nosso Senhor e nosso Deus.
São Tomé, rogai por nós!
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