Prosseguimos nossa breve série sobre a vida dos apóstolos, a partir das catequeses do Papa Bento XVI nas Audiências Gerais das quartas-feiras, entre 15/3/2006 e 14/2/2007, disponíveis no site do Vaticano.
Bartolomeu é um dos apóstolos de Jesus, que celebramos em 24 de agosto.
Seu nome é um nome de família, formulado com referência explícita ao seu pai, pois a palavra Bar significa “filho de”. Seu pai seria provavelmente chamado Talmay, em aramaico.
Tradicionalmente, Bartolomeu é identificado com Natanael, nome que significa “Deus deu”. Natanael vinha de Caná, e talvez tenha presenciado o grande sinal de Jesus naquelas bodas que ocorreram nessa cidade, com Jesus transformando água em vinho.
Quando o apóstolo Filipe contou-lhe que encontrara aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas, ou seja, Jesus, filho de José, da cidade de Nazaré, Natanael respondeu: Pode sair algo de bom de Nazaré?
Essa resposta mostra que, segundo as expectativas judaicas, não era esperado que o Messias viesse de uma aldeia tão obscura como Nazaré. Ao mesmo tempo, o protesto de Natanael nos faz ver a liberdade de Deus, que surpreende as expectativas humanas, fazendo com que O encontremos lá onde menos esperamos. Além disso, sabemos que Jesus não nascera em Nazaré, mas em Belém e, mais importante, que vinha do céu, enviado pelo Pai.
Filipe retruca, convidando Natanael:
Vem e vê.
Quando Jesus os encontra, exclama:
Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fraude!
É um elogio que lembra o Salmo 32: Feliz o homem em cujo espírito não há fraude. Natanael fica curioso, quer saber de onde Jesus o conhece. A resposta parece incompreensível:
Antes que Filipe te chamasse, eu te vi debaixo da figueira.
As palavras de Jesus, no entanto, tiveram o condão de tocar o coração de Natanael, que confessa:
Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.
Essa confissão é um passo importante no processo de adesão a Jesus. Natanael reconhece o Senhor na sua relação especial com o Pai, e na sua relação com o povo de Israel, de quem é declarado rei. O Messias esperado tinha justamente essa descrição.
Segundo o historiador Eusébio, teriam sido encontrados indícios de que Bartolomeu estivera evangelizando na Índia. A partir da Idade Média, popularizou-se a descrição de sua morte por esfolamento. Na Capela Sistina, em que Michelangelo representou o Juízo Final, São Bartolomeu está segurando com a mão esquerda a própria pele.
As relíquias de São Bartolomeu são veneradas em Roma, na igreja a ele dedicada na Ilha do Tibre, para onde parece terem sido levadas no ano de 983, pelo Imperador alemão Oto III.
Podemos concluir, diante da escassez de informações sobre o apóstolo Bartolomeu, que seu testamento é o de nos dizer que a adesão a Jesus pode ser vivida e testemunhada sem a realização de ações sensacionais ou grandiosas, em nosso cotidiano simples.
Jesus é que é extraordinário!
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