A Igreja celebra a festa do nascimento de João Batista em 24 de junho, a partir do que o anjo disse a Maria, na Anunciação, celebrada em 25 de março: que a parente Isabel estava no sexto mês de gravidez (lc 1, 36). Como o Natal é celebrado em 25 de dezembro, retroagindo-se seis meses, chega-se a 24 de junho.
Bento XVI, ainda cardeal, lembra que esse aniversário de São João Batista ocorre na data em que os dias começam a encurtar, assim como o aniversário de Cristo acontece quando eles recomeçam a se alongar. (RATZINGER, Joseph. Introdução ao Espírito da Liturgia, p. 109). Então, conclui que, quando João refere que Jesus deve aumentar e ele próprio deve diminuir, há um movimento da Antiga Aliança para a Nova Aliança. De uma forma semelhante ao movimento do inverno para a primavera e o verão. O nascimento do Batista vem na escuridão no mundo. O nascimento do Senhor vem quando os dias começam a se alongar, no verão, porque Ele é a luz do mundo, que veio para trazer a luz da verdade, a luz da graça, a luz da salvação. Em certo sentido, celebrando o nascimento de João, a Igreja já está se preparando para o Natal.
Mas por que o nascimento de João Batista é tão importante?
Primeiro, podemos lembrar que foi um nascimento milagroso, já que sua mãe não podia ter filhos e era idosa (Lc 1, 7). Deus pode vivificar quem Ele quiser com Seu poder e Sua graça. Foi o que também tinha feito com Sara, no Antigo Testamento. O nascimento milagroso, na bíblia, é um sinal de que a criança terá um papel especial na história da salvação. Tanto Isaac, nascido da idosa Sara (Gn 16, 16-7), como João, serão fonte de bênçãos para o povo.
Em segundo lugar, o nascimento de João está envolvido em outro milagre, o da cura da mudez de seu pai, e todos reconhecem que algo vai acontecer através daquela criança, dizendo: “‘O que então será este menino?’, pois a mão do Senhor estava com ele” (Lc 1, 64.66).
Em terceiro lugar, o próprio fato de o menino ser chamado de João, que significa “O Senhor deu a graça”, é revelador de que a identidade e missão dele têm um lugar importante no plano de salvação de Deus. Além de o Senhor ter dado a graça da concepção de um filho a Isabel, a graça maior que vem através de João é a de ser o precursor do Messias, por quem paz e salvação virão ao mundo.
Em quarto lugar, João é o novo Elias, como disse Jesus (Mt 17, 10-3), aquele sobre quem o espírito e o poder de Elias vão recair. Ele é quem vai preparar o caminho para que o próprio Deus venha em pessoa, como Salvador. Por isso, Jesus afirma que João Batista não é apenas um profeta: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que ele (Lc 7, 28). E esses são termos usados no Antigo Testamento para assinalar a santidade de uma pessoa.
João é santo, porque é o maior e o ápice de toda a antiga aliança, o primeiro a reconhecer Jesus como o Messias, como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29). E é também um profeta muito reverenciado. As pessoas vinham de todo Israel para receber o batismo de João. Aliás, a Escritura diz que esse “... menino cresceu e se fortaleceu em espírito e ficou no deserto até o dia do sua manifestação em Israel” (Lc 1, 80). João é um profeta que o Espírito Santo ungiu. É a ponte entre o Antigo e o Novo Testamento.
Após os santos inocentes, mortos por Herodes, logo depois do nascimento de Jesus (Mt 2, 16-8), João Batista será o primeiro mártir da Nova Aliança.
Celebrar a natividade de João, portanto, é celebrar que nosso Deus é o Deus da Providência. É o Deus que tem um plano desde toda a eternidade para cada um de nós, e conduz toda a história humana até o momento que Ele será tudo em todos.
Deus abençoe você!
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