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Foto do escritorRejane Bins

O que se sabe sobre São João?


No dia 27 de dezembro, a Igreja celebra São João Evangelista, filho de Zebedeu e irmão de Tiago Maior. Sua mãe era Salomé, que seguiu Jesus e esteve aos pés de Sua Cruz. João é um nome tipicamente judeu e significa “Deus operou a graça”. Era natural de Betsaida, na Galileia, na margem norte do Lago de Tiberíades. Jesus o chamou quando remendava as redes no lago de Tiberíades e ele O seguiu até o fim, com muito ardor.



João faz parte daquele grupo mais próximo, que Jesus trazia para os momentos mais importantes do Seu ministério, ainda composto por Pedro e Tiago, como a ressurreição da filha de Jairo, a cura da sogra de Pedro, a Transfiguração, a ocasião em que Jesus fala sobre o fim de Jerusalém e do mundo e na agonia no Monte das Oliveiras. Quando Jesus escolhe 2 discípulos para preparem a Santa Ceia, envia João e Pedro.



João corre com Pedro ao sepulcro, na manhã do Domingo de Páscoa. Chegou primeiro, mas deixou entrar antes aquele a quem o Senhor tinha prometido ser a pedra da Igreja. Ainda naquele dia testemunha a presença do ressuscitado no Cenáculo fechado.



Na Igreja de Jerusalém, João ocupou uma posição importante na condução do primeiro grupo de cristãos, pois Paulo o refere como coluna daquela comunidade. No livro dos Atos, Lucas o apresenta com Pedro, quando vão rezar no templo, ou quando comparecem diante do Sinédrio para testemunhar sua fé. Com Pedro, na porta Formosa do Templo, realiza o milagre da cura de um paralítico de nascença.



O discípulo predileto é o que reclina a cabeça no peito do Senhor na Última Ceia, e está aos pés da cruz com a Mãe de Jesus. É a ele que Jesus, no alto da cruz, recomenda a Mãe, e João a ela, momento em que Maria se torna mãe de toda a humanidade.

João é movido pela intenção de tornar visível o invisível e a Igreja oriental o chama “O Teólogo”, aquele que é capaz de falar em termos acessíveis das coisas divinas.



A devoção a João acabou por se consolidar a partir da cidade de Éfeso, na Ásia Menor, onde morreu durante o reino de Trajano. Anteriormente fora desterrado por Domiciano na ilha de Patmos, a ilha grega que constituía uma prisão para os mais perigosos. Morto Domiciano em 96, João volta a Éfeso e enfrenta inimigos externos que perseguem a Igreja, mas também cristãos que caíram em heresias e se obstinavam nelas. Esforça-se por curar esse grande dano e escreve as suas 3 cartas aos fiéis. Sua maior preocupação naqueles momentos era assegurar a firmeza dos seus filhos espirituais na fé.



Foram cinco, portanto, os livros que João escreveu: três cartas, o Apocalipse e o quarto Evangelho.



Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele, diz na sua Primeira Carta, cap. 4, v. 16. Ele nos faz ver quais as 3 fases do amor cristão:



1.     A primeira diz respeito à fonte, que ele identifica com Deus, afirmando que Deus é amor. Não afirma apenas que Deus ama, não se limita a descrever a ação divina, mas vai até as raízes, como numa definição de Deus. Por isso, João quer dizer que tudo o que Deus faz, ele faz por amor e com amor, porque é amor.
2.     A segunda fase está na demonstração concreta do amor. Deus demonstrou concretamente este amor que Ele é entrando na história humana em Jesus Cristo encarnado, morto e ressuscitado por nós. Diz João que Deus amou tanto o mundo que entregou o Seu filho único, filho que é advogado, junto do Pai, se alguém pecar.
3.     A terceira fase é aquela em que esse excesso de amor de Deus nos exige uma resposta: de destinatários de um amor que nos precede e ultrapassa, somos chamados a uma resposta ativa de amor. João fala de um mandamento do amor: Como eu vos amei, amai-vos uns aos outros. No AT, o critério do amor se baseava no próprio homem: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Agora o critério é Jesus e é assim que o amor é de fato cristão, tanto por se dirigir a todos sem distinção como por chegar até as últimas consequências, não havendo outra medida senão ser sem medida.

Precisamos rezar ao Pai para poder viver esse amor sempre, mesmo que de modo imperfeito, tão intensamente a ponto de com ele contagiar todos os que encontramos em nosso caminho.



No Apocalipse, no contexto de sérias dificuldades das Igrejas da Ásia Menor no fim do primeiro século, com perseguições e tensões, João descreve a figura do Cordeiro em pé, como que imolado, diante do trono do próprio Deus, dizendo-nos que Jesus, morto violentamente, mantém-se firme, porque venceu definitivamente a morte com a Ressurreição e já é plenamente partícipe do poder real e salvífico do Pai.  Tem a história do mundo em suas mãos, razão para confiarmos nEle e não ter medo dos poderes que nos são hostis, ou das perseguições, pois o Cordeiro ferido e morto é vitorioso. Mesmo que parecesse fraco, Ele é o vencedor. Assim, só Ele é capaz de abrir o livro selado, que ninguém conseguia romper. Só Ele tem condições de dar sentido à história tantas vezes absurda.



No centro das visões, está, também, a mulher que dá à luz um filho varão e a do dragão precipitado dos céus. A mulher é Maria, mãe do Redentor, mas também representa toda a Igreja, povo de Deus de todos os tempos, em que, com grande sofrimento, gera Cristo de novo nos corações e pelos sacramentos, e é sempre ameaçada pelo poder do dragão. Parece fraca, indefesa, mas é protegida pelo consolo de Deus. No fim, a Mulher vence e o dragão é derrotado.



No final da história, a Igreja que sofre e é perseguida aparece como a Esposa irradiante, a figura da nova Jerusalém, onde não haverá mais pranto nem choro, uma imagem do mundo transformado, cuja luz é o próprio Deus e cuja lâmpada é o Cordeiro.



Os cânticos de louvor que João descreve, além de simbolizar a face luminosa da história, espelham a liturgia celeste, a que os homens se unem na celebração da Missa.

João encerra o Apocalipse com a invocação da vida definitiva: “Vem Senhor Jesus”, que foi uma das orações centrais do cristianismo que nascia: Marana tha. É uma oração com uma dimensão histórica, da expectativa da vitória definitiva de Jesus, e também uma oração eucarística: Vem agora, Jesus, em nosso hoje. Na Missa, pedimos que Jesus venha já, antecipando sua vinda definitiva.



Então rezemos: Vem, Senhor Jesus. Vem e transforma o mundo. Vem já hoje, e que a paz triunfe. Amém.


Fonte: Catequeses sobre os apóstolos, Bento XVI.

 

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