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Foto do escritorRejane Bins

Santos Cirilo, monge, e Metódio, bispo. O SANGUE DOS MÁRTIRES É SEMENTE DE NOVOS CRISTÃOS (III)




Neste ano de 2023, em uma série de artigos, propusemo-nos conhecer um pouco da história dos santos mencionados na Oração Eucarística n. I, que nos vem dos tempos da Igreja Primitiva. Hoje, dia 14 de fevereiro, é a vez dos Santos Cirilo e Metódio, conhecidos como apóstolos dos eslavos.



Metódio e Cirilo eram irmãos de sangue e na fé cristã. Nasceram em 825 e 827 d.C., respectivamente, em Tessalônica, Grécia, filhos de Leão, um rico juiz grego. Falecendo este, foram educados em Constantinopla.



Metódio era um hábil administrador e recebeu o cargo de prefeito de uma província do Império Bizantino. Cirilo foi chamado a ser um alto dignitário imperial, mas recusou. Ingressou para a vida espiritual com votos particulares, foi bibliotecário do ex-patriarca de Constantinopla e recebeu o diaconato. Recolheu-se a um mosteiro, mas foi convocado a lecionar filosofia e, em seguida, como diplomata para as questões sobre o culto das imagens e sobre a Santíssima Trindade, obtendo sucesso em ambas.



Cirilo e Metódio se reuniram em sua primeira missão juntos quando, por volta de 860 d.C., os Czares do Mar de Azov pediram ao Imperador Miguel III o envio de um estudioso para discutir com judeus e sarracenos. Em 863, os irmãos partiram para a Morávia, enviados para se oporem à influência germânica, como missionários que conheciam o eslavo.



As Escrituras eram ensinadas nas línguas oficiais: o latim e o grego. Percebendo as dificuldades dessas línguas, os dois irmãos criaram um novo alfabeto, universalmente conhecido como “cirílico”. Traduziram a Bíblia, os Livros Sagrados e os missais, alfabetizaram padres missionários, que começaram a evangelizar e a celebrar as missas em eslavo.



Introduziram a sua obra de tradução com a invocação solene:



"Ouvi, vós todos, povos eslavos, ouvi a Palavra que vem de Deus, a Palavra que alimenta as almas, a Palavra que conduz ao conhecimento de Deus".

Seu esforço foi objeto de incompreensões. O Papa Adriano II, no entanto, apoiou-os contra a chamada heresia trilíngue (que só aceitava o grego, o hebraico e o latim). Seus Livros traduzidos para o eslavo foram abençoados pelo Papa, incluindo o Evangeliário, o Saltério, vários textos litúrgicos, a Sagrada Escritura, o cânone e o Breviário dos Padres.



Cirilo, com a saúde debilitada pelas árduas missões, tornou-se monge e logo veio a falecer, em 14 de fevereiro de 869. Dirigiu-se a Deus com esta invocação:


"Senhor, meu Deus..., atende o meu pedido e faz com que o rebanho que me tinhas confiado se mantenha fiel a ti... Liberta-o da heresia das três línguas, reúne todos na unidade e faz com que o povo que escolheste seja concorde na verdadeira fé e na confissão reta".

Metódio foi consagrado bispo e continuou a missão. Regressou à Morávia e à Panônia (hoje Hungria), onde encontrou violenta hostilidade e foi preso. Três anos depois, libertado, formou um grupo de discípulos.



Após a morte de Metódio, a 6 de Abril de 885, esses discípulos foram perseguidos, aprisionados, vendidos como escravos e levados para Veneza, onde um funcionário de Constantinopla os resgatou. Retornaram e foram acolhidos na Bulgária, continuando a missão iniciada por Metódio, difundindo o Evangelho. Deus, na sua misteriosa providência serviu-se da perseguição para salvar a obra dos santos Irmãos.



O papa João Paulo II, em 1980, declarou-os co-padroeiros da Europa juntamente com São Bento (através da Carta Apostólica Egregiae virtutis viri, AAS 73 [1981] 258-262).

Na Carta Apostólica Quod Sanctum Cyrillum, o Papa Pio XI qualificara os dois Irmãos:



"Filhos do Oriente, bizantinos por pátria, gregos por origem, romanos por missão, eslavos pelos frutos apostólicos" (aas 19 [1927] 93-96).


Cirilo e Metódio constituem um exemplo do que hoje se indica com a palavra "inculturação": cada povo deve inserir na própria cultura a mensagem revelada, e expressar a verdade salvífica com a própria linguagem, encontrando as palavras adequadas para repropor, sem atraiçoar, a riqueza da Revelação. Disto os dois santos Irmãos deixaram um testemunho muito significativo, para o qual a Igreja pode olhar hoje, buscando inspiração e orientação.



São Cirilo e São Metódio, rogai por nós e ajudai-nos a levar o Evangelho a todas as pessoas de nossa época.




Fonte: BENTO XVI, Audiência Geral, Quarta-feira, 17 de Junho de 2009, © Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana

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