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Foto do escritorRejane Bins

Papa Franciso: "Chega de polêmicas sobre a liturgia, redescubramos sua beleza"


No último dia 29 de junho, o Papa Francisco publicou uma Carta Apostólica intitulada "Desiderio desideravi", que significa “Desejei ardentemente”.

É um documento sobre a liturgia da Santa Missa, convidando o povo de Deus à formação litúrgica, para poder recordar o significado profundo da celebração eucarística, sua beleza e o seu papel na evangelização.



A Carta resulta das reflexões da sessão plenária do Dicastério do Culto Divino ocorrida em fevereiro de 2019.



A fé cristã, escreve Francisco, ou é encontro com Jesus vivo ou não é. E “a Liturgia nos garante a possibilidade de tal encontro. Não precisamos de uma vaga recordação da Última Ceia: temos necessidade de estar presentes nessa Ceia”.



Lembrando a importância da Constituição "Sacrosanctum Concilium", documento do Vaticano II, que levou à redescoberta da compreensão teológica da liturgia, o Papa acrescenta:


"Gostaria que a beleza do celebrar cristão e de suas necessárias consequências na vida da Igreja não fosse deturpada por uma superficial e redutiva compreensão de seu valor ou, pior ainda, de sua instrumentalização a serviço de alguma visão ideológica, seja ela qual for”(n. 16).

Participar do sacrifício eucarístico não é uma conquista humana de que se orgulhar, é o dom da Páscoa do Senhor que, acolhido com docilidade, renova a nossa vida. Só se entra no Cenáculo pela força de atração do desejo do Senhor de comer a Páscoa conosco”(n. 20).



Não se trata apenas do cuidado com as formalidades externas do rito, nem de aprovar o comportamento oposto, que confunde simplicidade com desleixo, concretude do agir ritual com um funcionalismo prático (n. 22).



O Papa explica que "cada aspecto do celebrar deve ser cuidado (espaço, tempo, gestos, palavras, objetos, vestes, canto, música, ...) e cada rubrica do Missal deve ser observada". Com isso, "a assembleia não será privada do que lhe é devido: o mistério pascal celebrado na modalidade ritual que a Igreja estabelece e com a plena participação do povo" (n. 23).



Os sinais sacramentais revelam "o encanto pelo mistério pascal" e não se pode correr o risco de ser impermeáveis ​​ao oceano de graça que inunda cada celebração (n. 24).



Diante da perplexidade da pós-modernidade, do individualismo, do subjetivismo e do espiritualismo abstrato, o Papa convida a retornar às grandes constituições do Concílio, sem batalhas entre diferentes concepções sobre a Igreja.



Francisco também insiste na importância da formação, especialmente nos seminários, com efeitos positivos na ação pastoral. A pastoral de conjunto, mais do que o resultado de programas elaborados, é a consequência de colocar a celebração eucarística dominical, fundamento da comunhão, no centro da vida comunitária. É preciso educar a todos para a compreensão dos símbolos, pois isso é cada vez mais difícil para o homem moderno.



Isso se faz cuidando da " arte de celebrar", que não é mera observância de rubricas e nem criatividade imaginativa e sem regras. A arte de celebrar não se aprende "porque se frequenta um curso de oratória ou de técnicas de comunicação persuasiva". É preciso "dedicar-se diligentemente à celebração, deixando que seja a própria celebração a nos transmitir a sua arte" (n. 50).



Francisco também observa que, "entre os gestos rituais que pertencem a toda a assembleia, o silêncio ocupa um lugar de absoluta importância", que "move ao arrependimento e ao desejo de conversão; suscita a escuta da Palavra e a oração; dispõe à adoração do Corpo e Sangue de Cristo» (n. 52).



O Papa conclui a carta pedindo a todo o clero, formadores, professores e catequistas, que ajudem o povo santo de Deus a aproveitar o que sempre foi a fonte da espiritualidade cristã, para que " a Igreja possa elevar, na variedade das línguas, uma só e idêntica oração capaz de exprimir a sua unidade". Esta oração é o Rito Romano resultante da reforma conciliar, estabelecido pelos santos pontífices Paulo VI e João Paulo II.



Busquemos a formação litúrgica e aprendamos a viver o mistério da Santa Missa como ação de Deus que se oferece a nós, a cada celebração.



Deus abençoe você!



Fonte: Vatican News.

Carta Apostolica Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-06/papa-francisco-carta-apostolica-desiderio-desideravi-liturgia.html . Acesso em: 29 jun 2022.











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