
A primeira vitória conhecida do rosário na guerra ocorreu em 12 de setembro de 1213, na Batalha de Muret, uma localidade em que a heresia albigense imperava e dali tentava se expandir para toda a França. O Papa Inocêncio III estava profundamente consternado com isso e procurou organizar uma armada que afastasse o perigo da França de uma vez por todas, mas somente conseguiu 1500 homens. As forças albigenses eram de mais de 30.000 homens, convencidos de que varreriam os católicos.
Enquanto os albigenses se dedicaram a beber e divertir-se na noite anterior à batalha, a armada católica, sob o comando de Simon de Montfort e de São Domingos, passou a noite rezando o rosário. Nas primeiras horas da manhã, foi rezada a Santa Missa, e muitos se confessaram. São Domingos se retirou para a Igreja de Saint-Jacques para rezar o rosário pela vitória.
O triunfo da armada católica foi completo e nunca mais aconteceu a expansão geográfica dos albigenses pela França. Os cronistas e historiadores da época compararam a batalha com a queda de enormes árvores sob os machados de uma armada de lenhadores. Todos atribuíram a vitória ao rosário.
Simon de Montfort construiu uma capela dedicada ao rosário na igreja de St. Jacques onde São Domingos tinha ficado rezando durante a batalha. Foi a primeira capela dedicada ao rosário no mundo, onde foi colocada uma pintura da Virgem confiando o rosário a São Domingos.
Inclusive um tabelião, notário do Languedoc, na região, escreveu um poema descrevendo como São Domingos trouxe rosas para a batalha, oferecendo-as repetidamente a Nossa Senhora pelas sucessivas Ave Marias que rezou durante a batalha. As rosas e o rosário estavam reunidos novamente na história.
No século XVI, outra batalha foi vencida pelo rosário. Enquanto crescia o protestantismo de Lutero, crescia a oposição ao Santo Sacrifício da Missa, o papado, a confissão, o sacerdócio, a intercessão da Virgem Maria, o rosário e as confrarias do rosário. O cristianismo se dividia e o islã avançava. Em 1539, tentando tomar a cidade de Kotor com um exército de 30.000 homens, o Bem-aventurado Ozana exortou o povo a rezar o rosário como uma arma contra os muçulmanos, que não conseguiram a conquista pretendida, mais uma vitória do rosário. Envidaram, então, a conquista de Roma.
Chegando a Malta, mais uma vez o exército de 40.000 homens foi vencido por 6.000 católicos, no episódio que ficou conhecido como o Grande Cerco de Malta. A espada do chefe vencedor, Jean Parisot de Valette, tinha um rosário gravado na lâmina e, depois da vitória, foi depositada por ele, em uma peregrinação ao ícone de Nossa Senhora de Damasco, conhecida como Vitoriosa, em Bigu, Malta, juntamente com a capa do nobre, ali se encontrando até hoje.
Sob as ordens de um novo sultão, os muçulmanos aproximavam-se de Roma. Era papa Pio V, um dominicano, e Don Juan liderava os católicos. Antes de zarpar para a batalha que se avizinhava junto a Roma, ele proibiu toda blasfêmia nos seus navios e ordenou um jejum de três dias aos seus homens. Assegurou-se de que suas embarcações tivessem a bordo jesuítas, dominicanos, franciscanos e outros sacerdotes para ouvir confissões, e deu a cada homem um rosário. No alvorecer do dia da batalha, determinou que todos tomassem a espada espiritual do rosário e o rezassem, e a Missa foi celebrada em cada navio. Imediatamente antes, disse aos homens:
vocês foram chamados a lutar a batalha da Cruz – conquistar ou morrer.
Ao mesmo tempo, Pio V prescreveu devoções públicas em honra de Nossa Senhora e do rosário e ele mesmo rezou o rosário em Santa Maria Sopra Minerva na noite de 6 de outubro de 1571, pois tinha consciência de que, se a Europa pudesse ser salva, seria por intercessão da Virgem.
Na manhã de 7 de outubro, os cristãos saíram ao encontro do inimigo, com 285 navios e 70.000 homens, contra 300 navios e 100.000 muçulmanos. Em Roma, se rezava incessantemente o rosário. E a batalha foi um massacre dos muçulmanos, do que Pio V teve uma visão em um encontro na cidade eterna. Miguel de Cervantes escreveu Don Quixote e anotou que nada se comparava à Batalha de Lepanto, a cidade grega onde ocorreu a vitória: nenhuma época tinha testemunhado algo semelhante e um tão glorioso triunfo para a Igreja.
Todos tinham certeza de que a vitória viera por meio do rosário e ela passou a ser celebrada liturgicamente todos os anos, com uma festa de Nossa Senhora da Vitória, instituída pelo papa, no primeiro domingo de outubro, que ficou conhecido como o Domingo do Rosário.
Os séculos seguintes também tiveram o testemunho de mártires, santos, místicos, reis, governadores e papas do rosário. No final do século XVII, instituiu-se a prática de rezar, no início da oração, um Pai Nosso, 3 Ave Marias e o Glória, e de rezar nas intenções do papa. Em 1685, as 3 Ave Marias passaram a ter a intenção do crescimento das virtudes da fé, esperança e caridade.
O Papa Leão XIII escreveu onze encíclicas sobre o rosário e sua importância, configurando o mês de outubro como o mês de especial devoção a esta oração.
Nas aparições marianas, Nossa Senhora não deixa de pedir a oração e revelar como agrada a ela e ao Pai que seja rezada por todos.
Nossos tempos precisam demais de um renascimento da oração do rosário em todos os lares e em todas as situações. Lutamos batalhas espirituais. Podemos ser vencedores, com a intercessão da Mãe, oferecendo-lhe nossos lábios e corações na meditação do santo rosário.
Cada um de nós é convidado a difundir essa oração e cativar novos corações para Maria Santíssima. Deus nos abençoe nesta missão.
Fonte: CALLOWAY, Donald H, MIC. Champions of the rosary. The history and heroes of a spiritual weapon.
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