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Foto do escritorRejane Bins

Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes!




Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes! Se vocês fossem o que deveriam ser, incendiariam toda a Itália!”

 


Essa exortação de Santa Catarina de Sena revela o seu ardente desejo de evangelizar no mundo, mediante o testemunho de homens e mulheres convertidos.

 


A Igreja celebra, no dia 29 de abril, a memória da grande Doutora da Igreja, Santa Catarina de Sena, nascida da família Benincasa, na então República de Sena, em 25 de março de 1342. Fortes eram as tensões na sociedade da época. O Papado tinha sua sede em Avignon, na França, e os movimentos heréticos insidiavam a vida da Igreja.

 


Mas Santa Catarina, mesmo sendo leiga, foi chamada por Deus para realizar uma obra de salvação pela Igreja inteira. Deus a chamou para se santificar e, santificando-se, indicar à Igreja um caminho de reforma e de salvação.

 


Catarina consagrou-se à virgindade aos 6 anos. Seus pais quiseram casá-la, mas ela se recusava e, depois de muita oposição, autorizaram-na a ingressar na Ordem Terceira Dominicana, em 1367. Embora estejamos acostumados a ver imagens de Santa Catarina de Sena vestida de freira, ela era uma leiga que vivia no mundo, pertencendo a essa confraria a que os dominicanos prestavam assistência. Eram as mantellate, por se cobrirem com um manto ou véu na cabeça em sinal de consagração virginal a Deus.

 


Vivendo no mundo, como leiga, Catarina nos ensina a viver uma vida ao mesmo tempo contemplativa e apostólica. Era uma mística e escreveu parte da história da Igreja. Os mais íntimos entre seus discípulos eles a chamavam “mãe e mestra” e relataram os muitos apelos que ela dirigiu às autoridades civis e religiosas: exortações, repreensões, convites a assumir as devidas responsabilidades, sempre expressos com amor e caridade.


 


Entre os temas enfrentados nas suas cartas, destacam-se: a pacificação da Itália, a necessidade de cruzadas, a reforma da Igreja e o retorno do Papado a Roma. Para isso, foi se encontrar, na Provença, em 1376, com o Papa Gregório XI. Não teve medo de admoestar o Sucessor de Pedro, por ela definido como “doce Cristo na terra”, sempre com a máxima reverência pelo Papa e por todos os sacerdotes. Conseguiu convencer o Papa a retornar de Avignon.

 


 Catarina tinha fé verdadeira, que lhe dava a fortaleza e a coragem necessárias para agir. Jesus lhe dissera, em uma visão, no ano de 1367, num episódio que os biógrafos recordam como suas “núpcias místicas”:

 

“Munida de uma fé invicta, poderás enfrentar, vitoriosamente, teus adversários”.

 

Após a rebelião de um grupo de Cardeais, que deu início ao Cisma do Ocidente, Urbano VI a convocou a Roma. Ali, Catarina adoeceu e faleceu em 29 de abril de 1380, com 33 anos. As palavras do apóstolo Paulo: “Não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim” se encarnaram na vida de Catarina que, em 1375, recebera os estigmas incruentos, revivendo semanalmente, - narram as testemunhas, - a Paixão de Cristo.

 


A pertença ao Filho de Deus, a coragem e a sabedoria infusa são os traços distintivos dessa mulher única na história da Igreja, autora de textos como “O Diálogo da Divina Providência”, o “Epistolário” e a coletânea de “Orações”. Devido à sua grandeza espiritual e doutrinal, Paulo VI, em 1970, a proclamou Doutora da Igreja.

 


Sua contribuição espiritual foi muito intensa na época. Ela referiu a seu confessor, o bem-aventurado Raimundo de Cápua, OP, qual era a base da sua espiritualidade:

 

“Desde a adolescência, acostumei-me a construir em minha mente uma cela da qual jamais pudesse escapar”. O que significa essa expressão?

 

Essa cela não era a de uma prisão, como pensaríamos hoje, mas, na verdade, era um quarto como o dos monges, frades e freiras nos conventos, lugar onde eles se recolhiam. Aquele lugar de que Jesus fala, no Evangelho de S. Mateus, no Sermão da Montanha:

 

“Quando fores orar, entra no teu quarto, e o teu Pai, que vê no segredo, vai-te escutar”.

 

Esse quarto é a cela de Catarina. E é o nosso próprio coração.



Aqui está um dos grandes ensinamentos de Santa Catarina: precisamos descobrir que, dentro de nós, mesmo no tumulto do mundo, no meio das confusões e dificuldades da vida, existe um quarto escondido no qual precisamos entrar para estar a sós com Deus. Como fazer isso?

 


Primeiro, é necessário termos uma vida de oração, sermos almas contemplativas e ao mesmo tempo apostólicas, como Catarina. Quando Jesus chamou os apóstolos, foi antes para estarem consigo. Ele disse: “Vinde”, constituiu os Doze e só mais tarde os enviou em missão. É “Vinde” para depois ser “Ide”.

 


O “vinde estar comigo” em recolhimento é importante para todos os santos e na vida de todos os cristãos. Essencial , portanto, para nós. É preciso tirarmos um tempo para estar com Jesus, para cessar as atividades diárias de Martas agitadas, dispersas, levadas para todos os lugares. É preciso ter tempo para a intimidade com o Senhor, como Maria.

 


Por isso, Catarina nos convida, hoje, a renovarmos nosso compromisso de um horário do dia, de preferência de manhã, quando o cérebro não está tão agitado, para ter um tempo para Deus, para estar com Jesus na cela do próprio coração. Feita essa experiência concreta na vida de oração, será possível levá-la para o dia a dia.

 


Um dos melhores meios para aprender a fazer isso bem concretamente é comungar bem, em estado de graça, tendo se confessado adequadamente. A comunhão é o momento de encontrar-se com Jesus. Nosso dia deveria ser contado de Missa a Missa, de Comunhão a Comunhão, em vez de ser das 0 às 24 h. Durante a ação de graças, aprendemos, na prática, que existe um lugar dentro de nós no qual Jesus está presente. E está ali o tempo todo, convidando ao recolhimento:

 

“Vinde a mim todos vós que estais cansados sob os vossos fardos pesados, e eu vos aliviarei”.

 

Depois desses momentos de intimidade com o Cristo, na cela interior do próprio coração, durante o dia, Catarina nos ensina que podemos nos recordar de Cristo, mesmo em meio às agitações, no meio das pessoas, voltando àquele lugar dentro de nossa alma em que Jesus nos tocou.  Apaixonada por Jesus Cristo que vinha ao seu coração a cada comunhão, Catarina escrevia:

 

“Nada atrai o coração de um homem como o amor! Por amor, Deus o criou; por amor, seu pai e sua mãe deram-lhe a sua substância; ele foi feito para amar.”

 

Fazendo isso constantemente, veremos nossa vida mudar, veremos as virtudes surgirem.

 


De fato, a maior prova de que nossa oração é autêntica é que muda nossa vida: ficamos mais pacientes, mais puros, mais generosos, mais fortes, conhecemos melhor a nós mesmos e podemos mudar o que precisa ser mudado. Começamos a ter uma caridade parecida com a de Cristo, um amor novo, um ardor renovado de querer levar outras almas para Deus.

 

 

Santa Catarina nos convida a entrarmos na sua escola de grande Doutora, doutora no amor, pelo qual seremos julgados um dia.  

 

Se formos como os cristãos precisam ser, incendiaremos o mundo!

 

Fonte: Vatican News e

Christi Nihil Praeponere

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