No dia 21 de maio de 2023, solenidade da Ascensão do Senhor, acontece o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais.
O tema deste ano é «falar com o coração».
O Papa Francisco reflete que é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora. Se escutarmos o outro com coração puro, conseguiremos também falar testemunhando a verdade no amor (cf. Ef 4, 15).
Segundo o Papa, trata-se de um coração que revela, com o seu palpitar, o nosso verdadeiro ser e, por essa razão, pode ter lugar o milagre do encontro, que nos faz olhar uns para os outros com compaixão, acolhendo as fragilidades recíprocas com respeito.
Prosseguindo, o Pontífice afirma que o apelo para se falar com o coração interpela radicalmente este nosso tempo, tão propenso à indiferença e à indignação, baseada por vezes até na desinformação que falsifica e instrumentaliza a verdade.
Num período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol de uma comunicação «de coração e braços abertos» não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um. Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor. De modo particular nós, cristãos, somos exortados a guardar continuamente a língua do mal (cf. Sl 34, 14), pois com ela – como ensina a Escritura – podemos bendizer o Senhor e amaldiçoar os homens feitos à semelhança de Deus (cf. Tg 3, 9). Da nossa boca, não deveriam sair palavras más, «mas apenas a que for boa, que edifique, sempre que necessário, para que seja uma graça para aqueles que a escutam» (Ef 4, 29). Por vezes, o falar amável abre uma brecha até nos corações mais endurecidos.
Francisco usa um exemplo que diz ser dos mais luminosos deste «falar com o coração»: São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, há cem anos proclamado padroeiro dos jornalistas católicos, por Pio XI. Foi bispo de Genebra no início do século XVII, em anos marcados por disputas com os calvinistas. A sua mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos e, de modo especial, com quem se lhe opunha, fizeram dele uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus. Uma das suas afirmações mais célebres – «o coração fala ao coração» – inspirou gerações de fiéis. Daí o Papa conclui: a comunicação nunca deve reduzir-se a uma estratégia de marketing, mas ser o reflexo do íntimo, a superfície visível de um núcleo de amor invisível aos olhos.
Pensando no atual panorama da comunicação, pergunta-se Francisco: não são estas precisamente as caraterísticas de que se deveriam revestir um artigo, uma reportagem, um serviço radiotelevisivo ou uma mensagem nas redes sociais? Possam os agentes da comunicação sentir-se inspirados por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade, mas rejeitando a tentação de usar expressões sensacionalistas e agressivas.
E sublinha como, na Igreja, temos urgente necessidade de uma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs, acendendo o fogo da fé.
Por outro lado, o mundo precisa de comunicadores prontos a dialogar, ocupados na promoção de um desarmamento integral e empenhados em desmantelar a psicose bélica que se aninha nos nossos corações, rejeitando toda a forma de propaganda que manipula a verdade, com finalidades ideológicas. Em vez disso seja promovida uma comunicação que ajude a criar as condições para se resolverem as controvérsias entre os povos. É um esforço exigido a todos, mas faz apelo de modo particular ao sentido de responsabilidade dos agentes da comunicação a fim de realizarem a própria profissão como uma missão.
Concluindo, o Papa faz três súplicas:
Que o Senhor Jesus, Palavra pura que brota do coração do Pai, nos ajude a tornar a nossa comunicação livre, limpa e cordial.
Que o Senhor Jesus, Palavra que Se fez carne, nos ajude a colocar-nos à escuta do palpitar dos corações, para nos reconhecermos como irmãos e irmãs e desativarmos a hostilidade que divide.
Que o Senhor Jesus, Palavra de verdade e caridade, nos ajude a dizer a verdade no amor, para nos sentirmos guardiões uns dos outros.
E nós respondemos: Amém.
Fonte: Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana
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