Este é o título da mensagem do Papa Francisco para o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a ser celebrado no dia 19 de maio de 2022.
Depois de relembrar que, na mensagem de 2021, sua reflexão fora sobre a necessidade de «ir e ver» para descobrir a realidade e poder narrá-la a partir da experiência concreta dos fatos e do encontro com as pessoas, agora ele vai se deter noutro verbo: «escutar», pois o tem por decisivo na comunicação e como condição para um autêntico diálogo.
O Pontífice afirma que estamos perdendo a capacidade de ouvir a pessoa à nossa frente, nas relações quotidianas e nos debates sobre os assuntos mais importantes da convivência civil, ao mesmo tempo em que a escuta experimenta importante desenvolvimento comunicativo e informativo, através de podcasts, chats e áudios. Ser escutado é um desejo e uma necessidade do ser humano, muitas vezes silenciosos, mas que interpelam todo aquele que é chamado a ser educador, formador, ou comunicador: os pais e os professores, os pastores e os agentes pastorais, os operadores da informação, os que prestam serviços sociais ou políticos.
Para o Papa, escutar é uma relação, e Deus mesmo é modelo de escuta. Deus ama o homem: por isso lhe dirige a Palavra, e por isso «inclina o ouvido» para escutá-lo. No fundo, a escuta é uma dimensão do amor.
Só prestando atenção a quem ouvimos, àquilo que ouvimos e ao modo como ouvimos é que podemos crescer na arte de comunicar, uma «capacidade do coração que torna possível a proximidade» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, n. 171). A surdez interior é pior do que a física. A verdadeira sede da escuta é o coração.
Prossegue Francisco, observando que, às vezes, o ouvido se torna um espião: procura saber, instrumentalizando os outros para os próprios interesses, e não com uma abertura leal, confiante e honesta. Na vida pública, com frequência, em vez de escutar, «se fala pelos cotovelos», diz o Papa. Procura-se mais o consenso e a audiência do que a verdade e o bem. As posições contrapostas são frequentes, as pessoas simplesmente esperam que o outro acabe de falar para impor o seu ponto de vista. Na verdadeira comunicação, o eu e o tu encontram-se «em saída», tendendo um para o outro. Só ouvindo uns aos outros, pode-se exercitar o discernimento, a capacidade de se orientar numa sinfonia de vozes.
Recorda Francisco, ainda, que escutar exige sempre a virtude da paciência, a atitude de deixar-se surpreender pela verdade, pois haverá sempre qualquer coisa, por mínima que seja, que se pode aprender do outro e fazer frutificar na própria vida.
A seguir, o Papa convida, na ação pastoral, ao «apostolado do ouvido», na linha do ensinamento do apóstolo Tiago: «cada um seja pronto para ouvir, lento para falar» (1, 19). A fé sem obras é morta. Oferecer gratuitamente um pouco do próprio tempo para escutar as pessoas é o primeiro gesto de caridade. E a comunhão tão desejada não é o resultado de estratégias e programas, mas se edifica na escuta mútua entre irmãos e irmãs.
Francisco conclui sua mensagem sublinhando:
«Cientes de participar numa comunhão que nos precede e inclui, possamos descobrir uma Igreja sinfônica, na qual cada um é capaz de cantar com a própria voz, acolhendo como dom as dos outros, para manifestar a harmonia do conjunto que o Espírito Santo compõe».
Peçamos, como o sábio e jovem rei Salomão, a graça de o Senhor nos conceder «um coração que escuta» ( 1 Rs 3, 9).
Deus abençoe você!
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